
Vagão da Serra - Hospedagem de Apartamento Temático

Que história é essa?
Ao leitor que prefere o mundo mais monótono, semelhante àquilo que os olhos podem ver nos dias em que vivem. Uma história urbana, mas não menos intrigante que as demais, pode ser uma boa sugestão. Viva a sociedade do século XIX, a Europa que ferve no luxo de suas cidades centrais, já na época muito plural, repleta de ideias diversas e culturas que incitavam à convivência e aos excessos que a vida da alta sociedade inevitavelmente encaminhava todos que a ela pertenciam.
Vê-te como um senhor de alta sociedade, um homem de grandes impressões e bem quisto por aqueles a sua volta, seja pelo seu prestígio econômico ou pela sua juventude agitada, agora, recolhida nos quartos de livros, dedicando seu capital unicamente à vida de um neto. Era um homem fleumático, com distinção habitava frequentemente os vagões de alta classe, nos vapores portugueses que ligavam a parte rural a urbana deste país que nunca cessa da fé, mas que frequentemente a atacava com seus excessos da vida urbana.
Tantas viagens em sua juventude fizera, tanto representara, imagine as mais variadas bebidas provadas nos trens europeus, numa pátria que a nossa, em cultura, muito ressoa. Agora, era apenas um velho senhor, um bonachão para com seu neto, que visitava nestes vapores tão frequentes, levando consigo apenas um cesto onde um velho e gordo gato lhe acompanhava, o Reverendo Bonifácio.
Não se engane com o jeito manso deste senhor, a trama da história que o envolve é muito mais profunda e sórdida. Como poderia imaginar ele os suplícios enfrentados, enquanto se dirigia à cidade, acomodando-se nos vapores, degustando os pratos mais caros, e com o velho Bonifácio fazendo-se caber sobre o colo do idoso. Ele encarava o esforço felino como uma profunda demonstração de amor, pois o ressoar do trem nos trilhos era infinito, e o arauto da chegada nas estações deixava qualquer ser mais arisco em completo desespero. Mas Reverendo Bonifácio não, estava velho demais para isso, apenas erguia as orelhas com o soar do trem, e levava o chacoalhar ferroviário como uma cadeira de balanço para tirar longos cochilos. Era sob estas situações, que ele acompanharia seu dono até o fim dos dias, pois era até a casa dos Maias que ele se dirigia, ao velho Ramalhete.
