
Vagão da Serra - Hospedagem de Apartamento Temático

Que história é essa?
Um aristocrata se afligia na classe executiva de um vapor que transitava entre as partes rurais da nobre Grã-Bretanha e a pacata, porém nobre, cidade de Londres. Um homem de melhores instruções, mas de formas rudes de se portar. Olhares asquerosos para aqueles que considerava indignos, não por suas ideologias, ou personalidades, mas pelo fato de não poderem desfrutar do brandy, ou do espumante de alta qualidade servidos nos vagões de alta classe, ou da própria presença no vagão de alta classe. Afligia-se porque em tais sentimentos, não lograva encontrar lógica, nem mesmo um traço de justificativa para sentir-se assim. Nada cabia-lhe como resposta.
Inúmeras viagens podia fazer naqueles trens, em seus vagões de alta classe, os vinhos mais distintos não lhe desciam pela garganta, o faisão, a codorna, o salmão, lhe eram indigestos. Os lustres de cristais que outrora eram belos, agora o irritavam pelo tilintar do movimento ferroviário. Até mesmo o champanhe de mais alta qualidade ficava intocado por ele, que buscava nas planícies modestas, porém verdejantes, uma resposta para aquele abatimento que não parecia ter nenhuma influência médica. Contudo, toda vez que afastava de si uma refeição cara, ou olhava para o mogno das mesas exclusivas daquele vagão, detestando seu polimento excessivo, a imagem da senhorita Bennet invadia os seus pensamentos.
Uma modesta senhorita, em sua perspectiva, modesta demais. As roupas que ela e suas irmãs vestiam nos bailes da região, esforçavam-se para acompanhar a elegância de outras damas de mais alta posição na hierarquia aquisitiva inglesa. No entanto, mesmo essas outras damas, por maior que fosse sua renda familiar, não ousavam lhe contestar em qualquer área que demonstrasse interesse, ou, jamais o contrariavam quando expunha uma opinião, por mais grosseira que pudesse ser. Entretanto, Elizabeth Bennet era diferente, ela não apenas ousava tais atitudes, como muitas das vezes parecia fazer questão de demonstrar sua insatisfação com traços do rico Sr. Darcy, que, naquele momento, angustiava-se nos bancos caros de seu assento.
O homem teorizava sem entender, como aquela mulher o desafiava tão explicitamente, nos bailes, nas ceias, como pudera seu orgulho ser tão grande, se seu dinheiro era tão modesto? Isso o irritava, todavia, quanto mais viagens fazia, mais aqueles vapores e suas classes distintas o faziam perceber que o desprezo que combatia o amor que ocupava sua mente e coração, quando pensava na senhorita Bennet, podia verdadeiramente ter uma resposta categórica. Era preconceito.
